Notícias como carne de cavalo sendo vendida como carne bovina na Europa, reportagens mostrando abates ilegais de animais no Brasil para produção de carne e problemas de higiene em frigoríficos colocam mais em evidência a importância da segurança alimentar. Segurança alimentar certamente é a característica mais valorizada pelo consumidor. Mais do que bem-estar animal, manejo adequado ou responsabilidade ambiental e social. O produtor rural precisa enxergar sua real responsabilidade para com este tema. De que forma ele pode contribuir da “porteira para dentro” para oferecer uma carne segura, de qualidade e que não transmita doenças ao homem. Que pode ser consumida sem risco algum para o seu bom estado de saúde. Na verdade, o produtor de carne bovina e sua equipe de funcionários pouco ou nada sabem do significado de segurança alimentar. Como responder por algo que desconhecemos? Como nos defender diante de uma auditoria, ficando na dependência de “selos de garantia”? O consumidor, por ignorância do processo, por não saber que características definem a qualidade, ficando apenas na maciez, acredita nos selos de garantia criados por ONGs, certificadoras ou órgão governamental. A ausência desses selos coloca a carne na vala do produto sem garantia quanto à qualidade e segurança alimentar, desagregando o valor percebido, que reflete diretamente na remuneração ao produtor. Certificações são necessárias, mas a pergunta é: a matéria-prima produzida na fazenda permite verdadeiramente a certificação? O pecuarista está consciente desta responsabilidade e tem feito sua parte no processo? Todas as fazendas implantam em seu sistema (pirâmide) informação, nutrição, genética, sanidade, tudo envolvido ao manejo. De certa forma, a produção no Brasil tem mudado, sim, na parte de nutrição, genética e um pouco de bem-estar animal. Mas devemos nos questionar: o programa sanitário implantado privilegia a segurança alimentar do consumidor ou apenas evitar ou tratar a doença que representa um prejuízo financeiro? É fundamental que segurança alimentar passe a ser cada vez mais um compromisso do produtor, pois, com isso, o consumidor passa ter a garantia de que está consumindo algo produzido com qualidade, segurança e responsabilidade. No momento de comprar uma carne, o consumidor imagina que o animal que deu origem ao produto tenha sido manejado de forma correta, que teve um tratamento especial levando em consideração o bem-estar animal, manejo adequado e sanitário. Ou seja, que foi produzido para garantir segurança alimentar. Para que isso ocorra e chegue ao final da cadeia produtiva, o pecuarista precisa melhorar manejo, cumprir o compromisso constante na Declaração Universal de Bem-Estar Animal (liberdade fisiológica, liberdade ambiental, liberdade sanitária, liberdade comportamental e liberdade psicológica), documento este que é mais lido por consumidores do que por produtores rurais. Isto deve objetivar que a matéria-prima possibilite, sim, a garantia de ser Produto para Consumo Humano. Qualquer programa sanitário deve ser pensado para garantir esta qualidade: Segurança Alimentar. Pesquisas recentes feitas pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária, por exemplo, comprovam que existe uma tendência do consumidor pagar mais para ter a segurança do produto que está comprando. É preciso que o setor produtivo se conscientize disso e coloque a preocupação com sanidade e manejo considerando bem-estar animal no mesmo grau de importância que recebem a genética e a nutrição. Essa consciência precisa estar além do dono da fazenda. Para que se atinja por completo a segurança alimentar é fundamental a compreensão e o engajamento da equipe de lida com o gado. Os peões precisam saber que estão produzindo alimento e que a forma como lidam com os animais influencia diretamente na qualidade do que chega à mesa do consumidor. Eles precisam entender que a tal segurança alimentar nada mais é do que a garantia de que o animal que gera a carne não sofreu maus tratos, que está livre de qualquer doença que represente um risco ao ser humano (zoonose ou doença infectocontagiosa) Com a globalização, muitos aspectos, anteriormente, pouco valorizados, como, qualidade, segurança alimentar, higiene alimentar e confiabilidade no produto tornaram-se indispensáveis atualmente, ao observar o comportamento do consumidor moderno. Dessa forma, o entendimento do perfil desse consumidor é fundamental para a sobrevivência e competitividade da pecuária, possibilitando a adequação de seus produtos às exigências dos mercados. *Por: Diogo Missassi e Renato dos Santos – Médicos Veterinários (Foto: sxchu)
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