Quando se faz um casqueamento, geralmente se pensa que a parte córnea do casco precisa ser cortada. Muitas vezes isto não é possível, pois a pinça é muito curta ou contém um único tecido córneo.
Um problema atual é que os animais permanecem em pé e caminham na parte do talão, a parte macia do casco. Além disso, a parte do talão não é suficientemente alta. A parte anterior do casco deve medir aproximadamente 7,5 cm em vacas da raça Holandesa.
Se o casco for mais longo, normalmente o crescimento é de 3 mm ao mês – e podemos cortar até que o comprimento fique de 7,5 cm na frente. A parte traseira do casco cresce proporcionalmente mais do que a parte interna do casco.
Isso ocorre em função da pressão sobre a parte externa. Porém, a parte posterior do casco, especialmente a pinça interna da perna posterior, não cresce da mesma forma. Por isso, é importante manter a correta altura de talão, que deve ser de 4 cm de altura, o que proporcionará um posicionamento ideal do casco, e, com isso, uma boa passada. Normalmente, o comprimento do passo da vaca é de 80 cm.
O problema em barracões com camas de areia onde as vacas caminham no concreto é que o casco é bastante desgastado e tem pouco tempo para crescer. A areia grossa de rio ocasiona ainda mais problemas.
O casqueador precisa levar isto em consideração e não deve cortar a parte posterior da pinça interna traseira, não devendo cortar de mais quando a altura de talão da pinça externa for baixa.
A nutrição dos animais, muitas vezes, é um problema
Quando as vacas ou novilhas parem e quando estes animais recebem muito concentrado durante o período de transição, os mesmos perdem muito score de condição corporal durante e no pós-parto. Com isso, a condição corporal pode diminuir dois pontos.
Nestas situações, o tecido córneo da sola fica muito mais mole, proporcionando um maior desgaste. Quando há areia no concreto, isso é mais uma desvantagem. Produtores que alimentam os animais no início do período seco com mais palha ou feno, sem silagem de milho, observam que estas vacas apresentam menos problemas de casco, pois o mesmo é mais duro e não sofre com este desgaste extra.
Ao observar esses problemas, muitos produtores adaptam as instalações para solucioná-lo. Em alguns casos, são colocados tapetes de borracha, que proporcionam menos dor e carga para os animais. Costuma-se dizer também, que o sistema compost barn é a melhor opção, pois reduz a dor. Porém não resolve o problema, pois estes animais continuarão apresentando lesões e claudicação na pista de alimentação.
Lesões com sola dupla e/ou úlcera
Quando a vaca possui cascos moles, muitas vezes isto causa lesões na sola e, em alguns casos, origina a sola dupla. Em cima da lesão cresce outra sola, ou abre-se uma fenda, uma úlcera típica. Estas vacas precisam ser casqueadas e a sola dupla removida.
Quando a úlcera aparece, o tecido córneo precisa ser retirado em torno da ferida aberta para que possa fechar facilmente. É importante que um bloco seja colocado sob a pinça saudável, para tirar a pressão da pinça com a ferida aberta.
Não é necessário colocar bandagem e utilizar antibióticos
Muitos casqueadores usam bandagem e antibióticos (spray ou pó) após o tratamento, para desinfetar a ferida aberta. Isto é feito para evitar que a mesma entre em contato com as fezes, porém não é necessário, pois uma ferida no casco cura com mais facilidade no seu ambiente natural.
O oxigênio precisa entrar em contato com o ferimento para que ele feche rapidamente, enquanto o uso da bandagem faz o efeito contrário. No entanto, a ferida pode ser lavada com água morna e bicarbonato de sódio, já que isso ajuda na limpeza do ferimento. A sujeira é puxada para fora e, ainda, uma camada alcalina fica sobre a ferida.
Antibióticos injetáveis ou de uso tópico não são eficientes, pois o problema foi causado por pressão sobre a sola macia do casco. Sendo assim, o animal irá se curar mais rápido quando for removida a pressão da ferida aberta.